Deficiência
Física-Motora e
as Tecnologias
Assistivas
Equipe: Naildes - Elizabeth -
Milton
Nossas certezas |
Nossas dúvidas |
*As pessoas com
deficiência física-motora possuem capacidades físicas e cognitivas;
*Os portadores de
deficiência física-motora precisam de ambientes adaptados às suas deficiências
para viverem com cidadania.
*As tecnologias assistivas podem ajudar as pessoas com
deficiência física-motora a ter uma vida independente e
digna. |
*O que são especificamente
deficiências físico/motoras?
*Quais são as causas principais que
levam a sua ocorrência?
*Existem tratamentos para este
tipo de deficiência? Quais?
*Como e quais tecnologias assistivas
poderão ajudar as pessoas portadoras de deficiência física-motora?
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O tema da inclusão de crianças
deficientes nunca esteve tão presente no meio educacional como vem acontecendo
atualmente. A valorização das particularidades de cada
aluno, o atendimento a todos na escola, a incorporação da diversidade sem nenhum
tipo de distinção, têm sido o foco de muitas discussões entre os
educadores.
Porém sabe-se que ainda há uma
forte resistência, por parte de alguns professores, em atender estas crianças em
suas salas de aula. A grande e talvez a mais forte das causas para tal postura
está no despreparo em conseqüência da falta de conhecimento das deficiências
propriamente ditas e das possibilidades para se trabalhar com alunos
portadores das mesmas.
Buscando responder nossas
próprias dúvidas (que talvez também sejam a de muitas outras pessoas!) estaremos
nos aprofundando sobre um tipo de deficiência: a deficiência
física-motora. Também fará parte desta pesquisa o uso das tecnologias
como ferramentas de auxílio em todo este processo de inclusão, uma vez que as
mesmas permitem o aumento da autonomia
e independência destas pessoas em suas atividades domésticas ou ocupacionais de
vida diária.
O que é deficiência
física-motora?
A deficiência física-motora refere-se
ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema
ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As doenças ou lesões
(sejam neurológicas, neuromusculares, ortopédicas, ou ainda de mal formação
congênitas ou adquiridas) que afetam um desses sistemas, podem produzir quadros
de limitações físicas de grau e gravidade variáveis de acordo com a parte do
corpo afetada.
Tais limitações resultam numa dificuldade de interação com a
sociedade numa dimensão tal, que pessoas portadoras das mesmas necessitam de
serviços ou programas especializados.
Ou dito de outra forma, conforme a
socióloga Marta Gil:
"A deficiência física
pode ser definida como uma desvantagem, resultante de um comprometimento ou de
uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho motor de uma determinada
pessoa, ocasionando alterações ortopédicas e/ou neurológicas."
Conclui-se portanto que
são consideradas portadoras de deficiência física as pessoas que apresentam
comprometimento da capacidade motora, baseando-se nos padrões considerados
normais para nós seres humanos. Cabe ainda salientar que a deficiência física
não tem nada a ver com deficiência mental; a deficiência física afeta as funções
motoras e não a parte cognitiva da pessoa.
Na maioria dos casos, a inteligência
fica preservada.
Quais são as causas principais que levam a sua
ocorrência?
As causas da deficiência física nos
jovens ou adultos, pode resultar de um acidente vascular cerebral (derrame), de
traumatismo craniano, de lesão medular ou de amputação. Sendo que a violência
urbana, que tem sido tão
focalizada pela mídia, como acidentes no trânsito ou de trabalho, está se
tornando a principal causa da deficiência física.
Em relação às crianças, as causas da
deficiência física podem ser:
Pré-natais:
problemas durante a gestação, remédios ingeridos erradamente, tentativas de
aborto mal sucedidas, perdas de sangue durante a gestação, crises maternais de
hipertensão, problemas genéticos. Infecções intra uterinas como rubéola,
toxoplasmose, sífilis, radiações, tóxicos, álcool, chumbo, drogas,
etc.
Perinatais:
problemas respiratórios na hora do nascimento, prematuridade, bebê que entra em
sofrimento por passar da hora do nascimento, cordão umbilical enrolado no
pescoço, posição incorreta da criança para nascer.
Pós-natais:
infecções no cérebro como meningite e encefalite, inflamações e abscessos no
cérebro, traumatismo no crânio (quedas ou outros acidentes), parada cardíaca,
infecção hospitalar e fator RH (quando o sangue do bebê não combina com o da mãe).
Quais os tipos de deficiência
física-motora?
_Lesão cerebral:
* Paralisia
cerebral: distúrbio do
movimento e/ou da postura que ocorre em conseqüência de uma lesão que pode ter
ocorrido no cérebro durante a gestação, na hora do parto ou logo após o
nascimento, devido a uma interrupção no fornecimento de oxigênio para o cérebro.
A lesão afeta, em
graus variados, a fala, a coordenação motora ou a
locomoção.
*Hemiplegias: quando a metade esquerda ou direita
do corpo fica paralisada, em decorrência da lesão de células nervosas do cérebro
que comandam o movimento desta parte do corpo.
*Tetraplegias:
paralisia dos membros superiores (braços) e dos inferiores
(pernas).
*Paraplegias: paralisia
dos membros inferiores (pernas).
_Miopatias (distrofias musculares):
abrangem
um grupo de disfunções musculares com alguns sintomas em comum, resultantes de
falhas no desenvolvimento de fibras musculares e outras.
_Esclerose múltipla:
doença degenerativa que ataca o sistema nervoso, provocando
enrijecimento dos membros e dificuldades de locomoção.
_Espinha bífida:
ocasionada pela má formação da coluna vertebral e da medula
espinhal, durante a formação do feto.
_Amputações:
pessoas amputadas também são incluídas no grupo
das portadoras de deficiência física, tanto as que nasceram sem um membro,
perderam-no em um acidente ou precisaram tirá-lo por motivo de saúde, como um
problema circulatório ou de gangrena.
Além
destas podemos citar também:
Lesões nervosas periféricas;
Seqüelas de politraumatismos; Malformações congênitas; Distúrbios posturais da
coluna; Seqüelas de patologias da coluna; Distúrbios dolorosos da coluna
vertebral e das articulações dos membros; Artropatias; Reumatismos inflamatórios
da coluna e das articulações; Lesões por esforços repetitivos (L.E.R.); Seqüelas
por queimaduras.
Existem
tratamentos para a deficiência física-motora?
Quais?
Os portadores de necessidades
especiais de ordem física ou motora necessitam de atendimento fisioterápico,
psicológico a fim de lidar com os limites e dificuldades decorrentes da
deficiência e simultaneamente desenvolver todas as suas possibilidades e
potencialidades.
Porém, a prevenção pode contribuir
para reduzir o percentual de brasileiros paraplégicos ou tetraplégicos, ou com
algum tipo de paralisia.
A prevenção tem duas vertentes:
evitar acidentes (de automóveis, com armas, quedas e mergulhos) causadores de
lesões traumáticas, e doenças que podem levar à deficiência.
Como medidas preventivas pode-se ainda
adotar:
_Maior conscientização das mulheres
acerca da necessidade de fazer acompanhamento médico,
pré-natal.
_Melhor infra estrutura nos berçários
para atender recém-nascidos e assepsia do local.
_Pessoal treinado para atendimento e
resgate das vítimas nos acidentes de trânsito.
_Conscientização dos riscos de
hipertensão e da diabetes.
_Adotar medidas de segurança no trânsito, no ambiente de trabalho e
na prática de esportes.
Qual o papel das tecnologias assistivas na vida de uma pessoa com
deficiência
física-motora?
Tecnologia assistiva é o nome
utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem
para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e
conseqüentemente promover sua independência e inclusão.
Fazemos uso constante de ferramentas
que foram especialmente desenvolvidas para favorecer e simplificar nossas
atividades cotidianas, como os talheres, canetas, computadores, controle remoto,
automóveis, telefones celulares, relógio, enfim, uma interminável lista de
recursos, que já estão assimilados a nossa rotina e, “são instrumentos que
facilitam nosso desempenho em funções pretendidas”. De igual forma, também
pessoas deficientes, utilizam tais ferramentas, só que especialmente adaptadas
para elas a fim de ampliar sua
comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu
aprendizado e trabalho.
Proporcionando qualidade de vida e
inclusão.
Gostei de uma citação adaptada de Mary Pat Radabaugh que diz:
“Para as pessoas, a
tecnologia torna as coisas mais fáceis.
Para as pessoas com
deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”.
Categorias
de tecnologias assistivas:
Existem diversas categorias de
tecnologias assistivas, porém como estamos falando de deficiência física-motora,
iremos abordar algumas que auxiliem este tipo de deficiência. Cabe salientar que
as informações contidas nos itens de 1 até 9, são de autoria de
Rita Bersch / CEDI • Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil / Porto
Alegre / RS / 2005.
1-Auxílios para a vida diária
e vida prática:
Materiais e
produtos que favorecem desempenho autônomo e independente em tarefas rotineiras
ou facilitam o cuidado de pessoas em situação de dependência de auxílio, nas
atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar
necessidades pessoais. São exemplos os talheres modificados, suportes para
utensílios domésticos, roupas desenhadas para facilitar o vestir e despir,
abotoadores, velcro, recursos para transferência, barras de apoio,
etc.
2-CAA - Comunicação
Aumentativa e Alternativa:
Destinada a
atender pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua
necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Recursos como
as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica (BLISS, PCS e
outros), letras ou palavras escritas, são utilizados pelo usuário da CAA para
expressar suas questões, desejos, sentimentos, entendimentos. A alta tecnologia
dos vocalizadores (pranchas com produção de voz) ou o computador com softwares
específicos, garantem grande eficiência à função comunicativa.
3-Recursos de acessibilidade
ao computador:
Conjunto de hardware e
software especialmente idealizado para tornar o computador acessível,
no sentido de que possa ser utilizado por pessoas com privações sensoriais e
motoras.
São
exemplos de equipamentos de entrada os teclados modificados, os teclados
virtuais com varredura, mouses especiais e acionadores diversos, softwares de
reconhecimento de voz, escâner, ponteiras de cabeça por luz entre
outros.
4-Sistemas de controle de
ambiente:
Através de
um controle remoto, as pessoas com limitações motoras, podem ligar, desligar e
ajustar aparelhos eletro-eletrônicos como a luz, o som, televisores,
ventiladores, executar a abertura e fechamento de portas e janelas, receber e
fazer chamadas telefônicas, acionar sistemas de segurança, entre outros,
localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores. O controle remoto
pode ser acionado de forma direta ou indireta e neste caso, um sistema de
varredura é disparado e a seleção do aparelho, bem como a determinação de que
seja ativado, se dará por acionadores (localizados em qualquer parte do corpo)
que podem ser de pressão, de tração, de sopro, de piscar de olhos, por comando
de voz, etc.
5-Projetos arquitetônicos
para acessibilidade:
Adaptações
estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, através de rampas,
elevadores, adaptações em banheiros entre outras, que retiram ou reduzem as
barreiras físicas, facilitando a locomoção da pessoa com
deficiência.
6-Órteses e
próteses:
Próteses são peças artificiais que
substituem partes ausentes do corpo.
Órteses são colocadas junto a um
segmento corpo, garantindo-lhe um melhor posicionamento, estabilização e/ou
função. São normalmente confeccionadas sob medida e servem no auxílio de
mobilidade, de funções manuais (escrita, digitação, utilização de talheres,
manejo de objetos para higiene pessoal), correção postural, entre outros.
7-Adequação
Postural:
Ter uma postura estável e confortável
é fundamental para que se consiga um bom desempenho funcional. Fica difícil a
realização de qualquer tarefa quando se está inseguro com relação a possíveis
quedas ou sentindo desconforto.
Um projeto de adequação postural diz
respeito à seleção de recursos que garantam posturas alinhadas, estáveis e com
boa distribuição do peso corporal. Além destes objetivos, a adequação postural
buscará também o controle e prevenção de deformidades músculo-esqueléticas, a
melhora do tônus postural, a prevenção de úlceras de pressão, a facilitação das
funções respiratórias e digestivas e a facilitação de cuidados.
Indivíduos cadeirantes, por passarem
grande parte do dia numa mesma posição, serão os grandes beneficiados da
prescrição de sistemas especiais de assentos e encostos que levem em
consideração suas medidas, peso e flexibilidade ou alterações
músculo-esqueléticas existentes.
Adequação postural diz respeito a
recursos que promovam adequações em todas as posturas, deitado, sentado e de pé
portanto, as almofadas no leito ou os estabilizadores ortostáticos, entre
outros, também podem fazer parte deste capítulo da TA.
8-Auxílios de
mobilidade:
A mobilidade pode ser auxiliada por
bengalas, muletas, andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas,
scooters e qualquer outro veículo ou equipamento ou estratégia
utilizada na melhoria da mobilidade pessoal. Um exemplo de estratégia seria a
colocação de pistas sensoriais facilitando a identificação do lugar, dentro de
um espaço controlado como a casa, escola ou trabalho.
9-Adaptações em
veículos:
Acessórios
e adaptações que possibilitam uma pessoa com deficiência física dirigir um
automóvel, facilitadores de embarque e desembarque como elevadores para cadeiras
de rodas (utilizados nos carros particulares ou de transporte coletivo), rampas
para cadeiras de rodas, serviços de auto- escola para pessoas com
deficiência.
Concluindo...
Deficiente físico
e inclusão: uma questão de direito.
Diante de tantas possibilidades e
recursos tecnológicos, fica ainda mais evidente que o deficiente físico-motor,
assim como todos os outros deficientes, pode e deve ser integrado cada vez mais
ao convívio social. Sendo que a influência familiar exerce papel imprescindível
nesta integração.
"Quanto mais integrada em sua família uma pessoa com
deficiência for, mais esta família vai tender a tratá-la de maneira natural ou
"normal" deixando que, na medida de suas possibilidades, participe e usufrua dos
recursos e serviços gerais da sua comunidade; conseqüentemente, mais integrada
na vida social esta pessoa será. Paralelamente, quanto mais ela estiver
participando das atividades da comunidade e levando uma vida "normal"
equivalente à de outras pessoas da sua faixa etária, mais ela será vista pelos
membros de sua família como "igual aos demais". (Deficiência física, In: Cadernos da TV Escola, p.
83)
De igual modo, também a Escola tem
papel importante, porque este é um dos espaços onde o deficiente pode desenvolver seu potencial intelectual e
interagir com outras pessoas em sua faixa etária. Claro que serão necessárias
adaptações, o uso de recursos especiais (tecnologias assistivas), o conhecimento
prévio da deficiência em questão... e cabe à família fazer esta ponte, passando
as informações necessárias referentes às necessidades especiais, os limites e
potencialidades deste indivíduo.
Segundo Maria Christina
B. T. Maciel: "A sociedade, por sua vez, precisa aprender a conviver com as
diferenças individuais de cada um. O professor e toda a equipe escolar devem
criar uma relação de confiança com o aluno, descartando a hipótese de ele vir a
ter medo ou vergonha de não aprender imediatamente o que está sendo ensinado. Na
verdade, a diferença de ritmo pode acontecer com qualquer criança, portadora ou
não de necessidades especiais. Assim, é fundamental criar uma relação de
confiança com todos os alunos.
A escola é muito
importante para qualquer criança, mas é ainda mais importante para a criança com
deficiência. É na escola que a criança aprende a confiar em si mesma, percebendo
que é capaz de realizar a maioria das atividades, embora levando um pouco mais
de tempo."
Embora sejam a Família
e a Escola espaços ricos de convívio e aprendizagem, eles não são os únicos.
Existem muitos outros espaços onde a vida também acontece, mas a verdade é que
muitos deles foram feitos sem se pensar nas pessoas portadoras de deficiências,
tornando-se inacessíveis a elas. Está na hora das autoridades fazerem cumprir as
leis, pois o direito de ir e vir a todo e qualquer lugar é direito de todo
cidadão, portador de deficiência ou não.
Fontes
consultadas:
Pessoas com deficiência
física-motora e Tecnologias
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